Eu choro,
E choro porque me dói demais a partida.
A minha carta de voltar
Pra essa saudade anunciada em madrugada plena,
Me faz doer pelo quanto eu queria poder ficar ali,
O quanto eu queria talvez esquecer o caminho,
Inconsequentemente trajar um ato,
E de repente,
Parar no tempo de fins-de-semana novamente...
Eu descobri muita coisa com você,
Eu aprendi muita coisa com você,
E agora eu posso lhe contar:
- Preto, poeta é pra isso,
É feito pra sofrer...
E eu permito isso até onde a dor não mais quiser transbordar.
Às vezes poeta nem sabe se chora por lágrimas simples,
Vestes de imagens inventadas,
Se o sentimento é condizente às suas fábricas,
Poeta não sabe,
Nem tenta saber.
Não busca saber se são gotas salgadas
porque lhe falaram ou porque as bebeu delas.
O importante nesse caso,
É que elas deixam até as palavras tristes mais doces,
O sentimento fica mais apurado,
Livre dessas ardilezas
Desses trocadilhos
Das cabeças
Desses poetas de sobre a mesa
Sobre a cama,
Sobre a vida vadia
Em borracha q apaga a dor na própria escrita!!!
E é isso Preto, uma troca:
Assim como quero trocar com você!!!
Agora vem aqui que eu limpo seu rosto,os seus ouvidos
Pra tirar o desgosto que eu te deixei pelo meu sofrer.
E quando tiveres que ir embora novamente,
Me acorde mais cedo,
Pra eu poder ficar ali "travesseirento"
Matando já saudades de você:
E aceite, meu pranto, como prova de algo que foi bom
e como motivo que me será inspiração!
Ir embora, Preto,
Eu descobri,
É mais fácil do que permanecer...
Olho pro céu agora enquanto ando nesse corredor de concreto
de uma morada, recolho e guardo as minhas lágrimas
para umedecer as palavras.
Eu choro em homenagem a sua vida, à você...
São quase seis ou sete, não sei!
mas estou acordado,
e daqui dessa janela úmida eu vejo:
Já tem solzinho na rua,
Calor no coração
E a casa vazia espera matar as saudades suas:
De teus abrires de portas,
Tuas artes na cozinha,
E de tuas fumaças
Acompanhadas das minhas!!
Alexx Albert
A dor é solidária.
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